Esta é uma declaração de posição filosófica sobre:
O Parque Nacional do Iguaçu, todos os Parques Nacionais do Brasil e do mundo, o turismo, a natureza e o Planeta Terra.
O Parque Nacional do Iguaçu / Iguazu são Patrimônios Naturais Mundiais – o que significa que além de serem patrimônio de brasileiros e argentinos são também da humanidade.
A categoria de Patrimônio da Humanidade ou Patrimônio Mundial segundo a Convenção da Unesco de 1972, é uma forma moderna ou continuidade da antiga lista das maravilhas do mundo feita pelos gregos. É também a confirmação e continuação da atitude humana de nomear e designar lugares de extrema beleza e valores estéticos, paisagísticos, culturais, artísticos e espirituais como lugares sagrados.
As Cataratas do Iguaçu são um desses lugares sagrados da Terra. O Parque Nacional do Iguaçu / Iguazú são manifestações precoces de inteligência de nossos governos que os criaram como um santuário para manter intacta as Cataratas do Iguaçu e seus sistemas vitais.
Todos os parques nacionais do mundo são uma confirmação da existência de valores maiores do que aqueles enxergados pela economia, pela cultura de massa e comércio vorazes. Não é coincidência que a maioria dos Parques Nacionais do Mundo tenham sido declarados em áreas que as comunidades “primitivas” do Planeta consideravam sagradas.
Professo minha visão filosófica de uma ecologia profunda ou de uma ecofilosofia na qual minha visão de mundo passa a ser cada dia menos antropocêntrica e mais ecocêntrica. Rejeito todas as visões de antropocentrismo segundo a qual os animais humanos são especiais perante Deus, que tenham uma missão religiosa, política e gerencial sobre todos os animais da terra, aves que voam, peixes que nadam e répteis que rastejam.
Vejo a humanidade como uma das bilhões de espécies que habitam o planeta. O que diferenciaria o humano dos outros animais seria, talvez, a consciência – mas reconheço que esta é tão limitada ainda que muitos animais podem estar levando vantagem.
Declaro que dentro do antropocentrismo – aquela visão do homem (anthropos) como centro de tudo – me perturba a visão do homem – o macho (andros) – como o centro da sociedade. O que nos leva a uma percepção distorcida centrada no gênero. A superioridade do homem sobre a mulher é uma patologia, um desvio, uma doença. Uma das primeiras provas de que a autodenominação de Homo sapiens para nossa espécie não passou de um devaneio chauvinista. Não existe luta de gênero em nenhuma outra espécie do Planeta.
A chamada ecologia como movimento social está morta. Valeu por chamar a atenção aos graves problemas ambientais. Mas, ao passo que a ecologia chega ao poder, noto que ela se torna cada dia mais corrupta e uma das armas de destruição do planeta para fins antropocêntricos como todas as outras doutrinas.
É uma visão racista – proteger a natureza para o proveito do homem macho branco, protestante, católico, comunista, ocidental e se oriental, que seja ocidentalizado. É utilitarista e neo-liberal pois pensa em proteger a Natureza hoje para utilizá-la amanhã. Vê a natureza como fonte de recursos.
Critico e me preocupo com o futuro do mundo. No caso do Brasil lamento o desenvolvimentismo a qualquer preço sem levar em conta as vocações naturais das bio-regiões. Exemplos de modelo de violação das vocações bio-regionais é a proliferação da soja para todo o país tendo como resultado a ameaça dos grandes sistemas naturais brasileiros como o Cerrado, a Mata Atlântica, a Floresta Amazônica, a Caatinga. O assoreamento dos rios do Pantanal por causa da expansão da soja no cerrado, do arroz na borda do Pantanal; ou a uva no Vale do São Francisco; ainda me preocupa a promessa da “transposição” do Rio São Francisco ou do Tocantins; a explosão das hidrelétricas, a extinção dos peixes; a contaminação do Aqüífero Guarani em áreas de recarga em São Paulo e no Centro Oeste.
Isso revela uma má educação ambiental. Uma educação ambiental condicionada pelo antropocentrismo cristão, utilitarista, materialista, machista, eco-injusta pois não vê que a existência de uma favela só confirma a denúncia de um ambiente brutal, anti-vida, condicionador, que só pode gerar cidadãos doentes, criminosos, marginalizados, massa de manobra e coisas semelhantes.
Protesto contra a ideologia barata promovidas por “eco”-gatunos que afirmam que o Parque Nacional do Iguaçu é modelo de gerenciamento para os Parques do Brasil. Concluo repetindo como meu lema pessoal a frase já conhecida: um outro mundo é possível. Por fim, é minha obrigação subverter esta distorção patológica do planeta considerada “normal”.
Jackson Lima
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