Este texto é a primeira parte da introdução
a um curso vivencial de ecologia profunda
Este é um pequeno trabalho sobre ecologia profunda. Aquela
ecologia que se preocupa com coisas mais profundas, menos superficiais, menos
simplórias e que vai além do café-com-leite da média da humanidade ou seja – o
café-com-leite medíocre que se nos é servido pelo status quo, pelo sistema. A
ecologia profunda abriu caminho para um novo mundo de possibilidades de
apreciação e prática de uma fantástica diversidade de campos, ciências,
culturas, modos de pensar, de amar, de adorar, de viver e conviver, experienciar
e vivenciar. A ecologia profunda está
longe tanto do simplista “Salve o Mico-Leão” como dos apocalípticos egológicos
“salva-te-a-ti-mesmo”, “perna-para-quê-te-quero”, “salve-se-quem-puder” e por
fim o famoso “o-último-que sair-apague-as-luzes”.
Nós, quer dizer, o Planeta, eu, você, as baleias, as
bactérias, somos tão velhos quanto a Terra. Nós somos a Terra. Somos
o universo. Estávamos
lá quando alguma coisa fez detonar o pavio da explosão que criou o universo.
Nós somos pó de estrelas ou pó estelar. Como dizem os ecólogos desta proposta
de ecologia, temos nas veias um sangue que, quando testado, ainda tem aquele gosto salgado
do primeiro oceano, onde habitávamos e de onde saímos. Aquele oceano que a
Bíblia lembra quando fala, no Gênese, que “o Espírito de Deus se Movia na
Superfície das Águas”, no meio do caos, da falta de forma e o da escuridão.
Ao contrário do Socialismo Materialista, do Capitalismo
igualmente materialista, a ecologia profunda reconhece o valor, valida o valor
e defende a diversidade seja de culturas humanas ou de espécies não humanas. A
diversidade, a biodiversidade, a diversidade lingüística, a rica diversidade
cultural tanto atual quanto ecocêntrica, cosmocêntrica e antiga, devem ser
entendidas, vividas, vivenciadas, defendidas e amada.
Por isso a ecologia profunda se abre para a
espiritualidade, para a sabedoria de povos da terra, para a psicologia, para a
economia, para as grandes tradições. Para mim espiritualidade e ecologia são a
mesma coisa. Assim não posso falar de eco-espiritualidade sem ser repetitivo.
Neste pequeno trabalho, apresento alguns conceitos de ecologia. Na primeira
parte, utilizo textos de professores, doutores, estudiosos da ecologia que
mergulham neste oceano profunda e concentradamente. A idéia é mostrar as duas
visões. Mostrar a diferença entre ecologia profunda e ecologia superficial.
Entre uma ecologia antropocêntrica e uma ecologia ecocêntrica. Mas ser ou não
ser antropocêntrica não é a única questão. Nada é preto ou branco.
Felizmente a
diversidade fala mais alto e há milhões de matizes entre duas cores qualquer.
No caso da ecologia profunda, a cultura pode ter ainda outros “centros” segundo
os interesses de cada grupo ou forças dominantes. Nossa civilização pode ser
vista ainda pela visão androcêntrica que é a visão do “macho”, pela visão
“ecofeminista”, pela visão instrumental e utilitarista e muitas outras.
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